Feira: Procura por banhos de cheiro movimenta casas de ervas neste final de ano

À medida que o fim do ano se aproxima, muitos já se preparam para encerrar esse ciclo e deixar para trás o que não contribui positivamente. Uma retrospectiva do ano de 2023 passa pela mente, e o planejamento de metas para o próximo ano já se inicia.

Antes do término do ano, visualizar claramente o que deseja e o que quer evitar pode ser fundamental para nos prepararmos para o ano seguinte. Nesse contexto, começar com o pé direito, atraindo energias positivas por meio da fé e da conexão com a natureza, é considerado significativo para diversas pessoas, por isso, muitas delas recorrem aos banhos de cheiro.A prova disso é o aumento no movimento nas casas de ervas em busca dos banhos de cheiro.Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Na casa de ervas Estrela do Mar, a procura pelas folhas e os banhos completos tem sido grande neste fim de ano. Ao Acorda Cidade, Hélio Lima Ferreira, proprietário do estabelecimento, explicou que macassá, arruda, manjericão, palma da rainha e patchouli são as mais pedidas entre os clientes. “Prepara o banho em casa e toma. Tenho os banhos prontos, as folhas frescas, que tritura elas em uma bacia com água, coa e toma o banho. O aroma é das próprias folhas”, explicou Hélio.Tem banho para atrair tudo que há de bom e também para livrar tudo que está pesando em sua vida. “Tem banho também para fechar o corpo. Tem descarrego, para tirar quem acha que está com o corpo pesado e toma os banhos de descarrego. Todo ano procuram as mesmas ervas. Pedem muito para descarregar e também prosperidade. Todo mundo quer prosperar. Quem é que não quer prosperar? O Sal grosso a gente vende também”. Segundo Hélio, a procura é boa, mas por conta da seca, difícil mesmo é conseguir as folhas na região. Ele vai buscar em Alagoinhas e localidades próximas a Salvador. “O movimento aumentou. A tendência é de amanhã até sábado, pode melhorar mais ainda. O povo quer fechar o corpo. Tirar o que é ruim”, disse. A cliente Conceição Anunciação estava comprando imagens para repor as suas que foram quebradas e comprando arruda para a passagem do ano.  “Vou levar de Cosme e Damião, Santa Bárbara. Na virada de ano eu gosto de tomar um banho de arruda, porque é para olho mal, para descarregar o corpo, para afastar as usuras, as invejas. Eu acho que todos nós somos invejados de uma maneira ou de outra”, contou.Para Conceição, o banho é para tirar as impurezas do ano velho e entrar renovada, com o pé direito. “Eu mesma machuco as folhinhas, com um litro de água, tomo o banho primeiro, normal, para fazer higiene do corpo. Depois joga o banho do pescoço para baixo. Eu me sinto assim, mais descarregada”, explicou.

Belmiro Oliveira também estava na casa de ervas e já sabia os banhos que iria levar, de fechamento de corpo e para o descarrego do ano que vai embora. Ele falou de algumas ervas que costuma usar em todo fim de ano.

“A preferência é que o ano seja um ano bom para todo mundo, esse ano vai ser o ano do Orixá, que vai reinar os velhos, Obaluaê, e aí trazer prosperidade e caminhos abertos para todo mundo. O alecrim, arruda, manjericão, folha do tempo, macaçá, essas folhas de seta”, declarou.

Belmiro já programou três banhos para as última sexta, sábado e domingo do ano. Segundo ele, os primeiros são para limpar e o último para fechar o corpo. 

Há 15 anos, Alexandra de Ramos trabalha em uma casa de ervas, tradição passada de mãe para filha. Além dos banhos, ela contou ao Acorda Cidade, que as velas e incensos também estão com boa saída. 

Ela disse que os clientes continuam buscando as mesmas ervas. Os banhos de descarrego e abre-caminho são os mais procurados para encontrar saúde, paz, sucesso e prosperidade no ano novo. 

“O ano passado foi mais agitado. Geralmente o público já procura algo que já é de tradição, as folhas que são arruda, manjericão, água de elevante. São banhos espirituais e calmantes”, pontuou. 

Nas casas de ervas você encontra tudo relacionado a fé em diversas religiões. Banhos, folhas, incensos, imagens de santos e orixás.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade